terça-feira, 6 de julho de 2010

RESULTADO DO IDEB

Natal, 06 de Julho de 2010
Estado melhora índices do Ideb
Publicação: 06 de Julho de 2010 às 00:00
O Ministério da Educação divulgou ontem, 5, os dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB). No Rio Grande do Norte os índices apresentaram uma melhora em relação à avaliação anterior, realizada em 2007.
Rodrigo Sena Escola Nossa Senhora da Guia chama atenção pela organização, limpeza e disciplina dos alunos
Na Educação Fundamental - primeiro ciclo, que corresponde aos alunos da 1ª a 4ª séries, o indicador passou de 3,0 em 2007 para 3,5 em 2009. No segundo ciclo, aquele onde estão incluídos os alunos da 5ª a 8ª séries, o índice foi menor, saindo da marca dos 2,7 pontos para 2.9. Já o ensino fundamental passou de 2.6 para 2.8.

Para o secretário de estadual de Educação, Otávio Augusto de Araújo Tavares, no contexto geral o Rio Grande do Norte melhorou por ter mantido o 5º lugar na avaliação do ensino médio, subindo uma posição no ensino fundamental - segunda fase e perdendo apenas um índice no primeiro ciclo do ensino fundamental.

Em Natal, o índice foi o mesmo de 2007 – 3,7 pontos, mas o número de reprovações aumentou. De acordo com o secretário municipal de Educação, Edivan Martins, o aumento de reprovações aconteceu por causa da mudança na avaliação dos alunos, antes só existiam reprovações daqueles que abandonavam a sala de aula, mas agora a avaliação é real, aluno por aluno: “estamos priorizando o ensino de qualidade, queremos aprovar os alunos que têm condições de passar para a série seguinte”, afirmou.

As escolas com avaliação inferior, como a Francisco de Assis Varela de Felipe Camarão com nota 0,5, terão um trabalho mais intenso por parte da secretaria. Uma parceria com a universidade para capacitação dos professores será firmada, além da implementação do projeto ‘Escola Aberta’, a ser lançado em agosto, buscando favorecer a interação entre professores, alunos e comunidade.

Na opinião de Cláudia Santa Rosa, coordenadora de projetos do Instituto de Desenvolvimento da Educação (IDE), o aumento não foi significativo, demonstrando a necessidade urgente de desenvolver políticas públicas na área de educação, instituindo um currículo escolar com o mínimo do conteúdo a ser trabalhado pelo professor em sala de aula e com os dias de efetivo exercício em sala de aula.

A professora acrescenta que a prática pedagógica trabalhando o conteúdo que o aluno necessita aprender é fundamental para aumentar o índice no Estado. “Deve existir clareza na prática pedagógica, regularizada no ensino, com a devida reposição das aulas quando houver ausência de professor”, declara.

A diretora do IDE, Eleika Bezerra, disse que os índices serão avaliados pelo instituto para possibilitar a elaboração de um plano de ação voltado para a melhoria da qualidade do ensino público, mas que não substitui a atuação do estado, verdadeiro responsável pelo ensino de qualidade no país.

Escola de Parnamirim é considerada exemplo

Em Parnamirim, município da Grande Natal, uma escola pública é exemplo de que mesmo com poucos recursos, é possível oferecer um bom ensino. E a qualidade não está apenas no aprender Português ou Matemática, que deu a Escola Municipal Nossa Senhora da Guia, o melhor Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), 6,4.

O diferencial é percebido logo que se chega à escola. A organização e a limpeza impecável do prédio chamam a atenção. Os 471 alunos só assistem às aulas se estiverem devidamente uniformizados. Saia para as meninas e bermuda para os meninos.

“Buscamos não apenas educar, mas promover humanamente a pessoa. Não é porque os alunos são menos abastados que a escola vai ficar a toa”, diz irmã Salomé Oliveira Soares, que está a frente da escola há 26 anos. Para ela, o bom desempenho da Escola Nossa Senhora da Guia - que oferece desde a Educação Infantil ao 5º ano do Ensino Fundamental - é resultado do trabalho em equipe realizado pelos professores e os outros servidores.

“Dificuldade para conseguir recursos a gente sempre tem. Por exemplo, recebemos os computadores da sala de informática em janeiro, mas até agora eles não foram instalados porque não temos bancadas. Mas não é por isso que vamos desanimar. Além disso, nossos professores são bastante comprometidos”, completou a irmã.

Segundo a vice-diretora, Rosilda Cunha de Oliveira, a escola recebe a mesma quantidade de recursos que outras instituições. Para ela, com um pouquinho de administração e boa vontade pode-se ir mais longe do que se imagina.

Além das disciplinas tradicionais os alunos contam com aulas de boas maneiras, recreação, reforço semanal, acesso à biblioteca, sala de leitura. O resultado disso tudo não poderia ser diferente: crianças satisfeitas e bem educadas.

“Aqui a educação é bem melhor, a gente tem bastante atividade legal para fazer. Eu prefiro muito mais a Nossa Senhora Daguia do que a minha escola de antes”, conta Gabriel Nunes de Moura, de 7 anos que faz o 2º ano do Ensino Fundamental.

Para Maria Helena Lima, que tem a mesma ideia de Gabriel, a escola é um referencial de sucesso, que ajudou a irmã dela. “Minha irmã estudou aqui desde novinha e hoje está no IFRN, cursando Mineração. Graças a essa escola”, diz Maria.

Já Bárbara Fernandes Medeiros, 8 anos, a biblioteca faz toda a diferença. “Aqui tem vários livros para gente ler e ainda pegar emprestado para levar para casa. E para mim isso é muito bom porque gosto de ler”, conta.

Mas não são apenas os alunos que gostam da escola. Na Nossa Senhora Daguia, os professores trabalham satisfeitos. “Aqui tem disciplina, responsabilidade e todo mundo é compromissado”, diz a professora do 5º ano do Ensino Fundamental,Maria José Belchior Silva.

A mesma opinião de Ângela Tertuliano, que fez todo o o Ensino Fundamental na escola e hoje faz parte do quadro de docentes efetivos. “O grupo tem vontade de trabalhar, de oferecer uma boa educação. Os recursos são poucos, mas dá para fazer um bom trabalho”, diz a professora.

Índice é calculado a cada dois anos

O Ideb utiliza como fatores o rendimento escolar (taxas de aprovação, reprovação e abandono) e as médias de desempenho na Prova Brasil na análise da qualidade da educação.

A Prova Brasil é um teste de leitura e matemática para turmas de quarta e oitava séries (ou quinto e nono anos) do ensino fundamental. Os alunos do ensino médio fazem o Saeb, avaliação por amostra, que também avalia habilidades em língua portuguesa e matemática. No ano passado, as avaliações foram aplicadas a 2,5 milhões de alunos da quarta série (quinto ano), 2 milhões da oitava série (nono ano) e 56 mil do ensino médio.

Calculado a cada dois anos, o índice foi divulgado a primeira vez em 2005. Naquele ano o RN tinha a marca de 2,6 nos dois níveis: fundamental e médio. A meta instituída pelo Ministério da Educação para 2009 foi superada em todos os níveis, mas o objetivo é que o país, a partir do alcance das metas municipais e estaduais, chegue à nota seis em 2021 – correspondente à qualidade do ensino em países desenvolvidos. Algumas escolas já conseguiram superar essa meta. É o caso da escola Municipal NS da Guia, em Parnamirim, com índice 6,4.

Essa escola adotou medidas simples mas eficientes para se tornar destaque na qualidade de ensino: organização e limpeza são perceptíveis logo na entrada da escola que mantém 471 alunos devidamente uniformizados, priorizando a leitura e educação humanizada como base de ensino.

Apesar dos índices demonstrarem melhora no país, 24% dos municípios brasileiros ficaram abaixo da meta estipulada para 2009 no ensino fundamental - primeiro ciclo e 15% menor, em relação ao segundo ciclo. As cidades do RN que tiveram as piores avaliações foram Caiçara do Norte, Espírito Santo, Parazinho e Riacho da Cruz com 2,3; Sítio Novo e Afonso Bezerra com 2,5 e a terceira pior nota foi a de Bom Jesus, 2,6. Até o fechamento dessa edição não houve retorno dos municípios.

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